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Diminui a filiação de jovens nos partidos políticos.

Política vive o desafio de atrair jovens Sucessivos escândalos de corrupção reduzem número de eleitores menores de 18 anos e filiações partidárias

Rio - Os jovens foram marcantes em vários momentos da história política do País, como na resistência à ditadura militar e no impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Porém, nos últimos anos vêm se afastando da vida pública. Atribuído pelos analistas aos seguidos escândalos de corrupção, o desencanto tem reflexos no baixo número de eleitores com menos de 18 anos e na queda de filiações partidárias. O fato preocupa a Justiça Eleitoral, que fará campanha para estimular o voto aos 16 anos, enquanto os partidos traçam estratégias em busca de renovação.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), o número de eleitores de 16 e 17 anos, que em 2004 era de 103.016 no estado, caiu para 68.470 este ano. No País, o Rio tem o menor percentual de menores de idade no universo de eleitores: 0,82%.

Para mudar esse quadro, o TRE vai a escolas do estado para convencer os estudantes sobre a importância do voto. “Eu quero mostrar para o jovem que ele deve participar porque assim pode alcançar bons resultados para toda a sociedade. O teor da mensagem e a razão disso chama-se conscientização”, explica o presidente do TRE, Roberto Wider.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) começa a veicular amanhã uma campanha nacional em emissoras de rádio e televisão a favor do voto aos 16 anos. O cadastramento pode ser feito até 7 de maio para quem quer votar nas eleições municipais.

Filiações partidárias de jovens também estão cada vez mais difíceis. Em 2003 houve a adesão de 27.435 pessoas de até 25 anos no estado. Já em 2005 foram 25.140. Este ano, só 12.063 entraram para as legendas.

A resistência aos políticos dificulta o trabalho de recrutamento dos partidos. Com a crise, PT e PDT* farão, pela primeira vez, congressos nacionais voltados para ouvir a voz dos jovens. Até o recém-criado PSOL sente o peso do ceticismo. O coordenador da juventude do partido, Honório Oliveira, 26, diz que “a política brasileira vive momento muito negativo. Isso desestimula a garotada”.

O presidente da juventude carioca do DEM, o vereador Carlo Caiado, 26, também reconhece que atrair o jovem para a militância partidária não é tarefa fácil. “Com a Internet, o jovem está bem informado. Nos questionam o tempo todo”. Na contramão está o PSDB, que saiu de minguados 82 militantes para mais de 500 em dois anos. “São pessoas que se preocupam com a carreira, mas também interessadas em política”, resume a tucana Isabelle Lessa, 20.

Predomínio de postura individualista

Para especialistas, o afastamento do jovem da política não é provocado apenas por desvios éticos de parlamentares e integrantes do governo, mas também por transformações culturais. O professor do departamento de Educação da UFF Paulo Cesar Carrano, que coordena o núcleo de pesquisa Observatório Jovem, diz que até os 25 anos, as pessoas tendem a ter um comportamento mais individualista. O professor Carrano participou de estudo feito em várias regiões metropolitanas do País que a maior preocupação dos jovens é com a construção de áreas de lazer, cultura e esporte. “O jovem está adquirindo uma cidadania multireferenciada”.

Para o cientista político Nelson Carvalho Rojas, da Universidade Federal Rural do Rio (UFRRJ), os partidos convergem para o centro e os programas de governo ficaram muito parecidos. “Isso gera uma crise de credibilidade”, explica.

Christiane Jalles, cientista política da Fundação Getúlio Vargas, afirma que o desinteresse pela política é percebido nos Estados Unidos em pesquisas desde os anos 50. O mesmo, segundo ela, acontece no Brasil. “Há maior interesse por questões individuais”, avalia.

CASO RENAN LEVOU JUVENTUDE DE VOLTA ÀS RUAS

O afastamento do jovem da política não é total. Exemplo disso foram as passeatas pela cassação do mandato do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) realizadas nas ruas do Rio e lideradas por estudantes. O presidente do DCE da PUC, Marcelo Queiroz, acredita que temas como ética e moralidade na política conseguem, de fato, mobilizar os jovens. “Talvez os protestos tenham dado certo, porque não houve predomínio e imposições de partidos políticos”.

Marcelo critica a União Nacional dos Estudantes por não ter se engajado na campanha contra Renan. Ele diz que a UNE está muito vinculada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidente Lúcia Stumpf alega que "não são debates conjunturais que vão transformar o Brasil". A entidade fará dia 25, no Centro, passeata pela reforma política. "Há setores da sociedade interessados em vincular política à corrupção para afastar os jovens", contra-ataca.

Matéria veiculada em: http://odia.terra.com.br/brasil/htm/geral_128644.asp, 13/10/2007 21:14:00

PS: * AO CONTRÁRIO DO QUE É NARRADO NA MATÉRIA DO JORNAL O DIA A JUVENTUDE SOCIALISTA DO PDT ESTA REALIZANDO SEU 13º CONGRESSO NACIONAL. O PRIMEIRO CONGRESSO NACIONAL DA JUVENTUDE DO PDT FOI REALIZADO AINDA NA NA DÉCADA DE 80 E ELEGEU ANACLETO JULIÃO( FILHO DE FRANCISCO JULIÃO) COMO PRESIDENTE NACIONAL DA JUVENTUDE DO PDT À ÉPOCA.

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